À semelhança de outros cantores de intervenção exilados em França, foi também através da canção com mensagem de protesto que a voz Tino Flores chegou ao conhecimento de (alguns) portugueses. No entanto, para os que se interessam por este género de canção, é unânime a constatação de que Tino Flores é um caso totalmente à parte, diferenciando-se dos demais em muitos aspectos. Em primeiro lugar, os seus discos são genuinamente canções de protesto ao serviço de ideais e alvos bem definidos, como se de folk music se tratasse, tendo em conta o singelo acompanhamento de guitarra que servia de base às suas canções. Depois, porque as incendiárias palavras de Tino Flores não são preenchidas com quaisquer eufemismos ou floreados, sendo antes uma escrita directa contra a guerra e o fascismo, quase que rude e sem papas na língua, apelando directamente à consciência daqueles que considerava serem os explorados da sociedade, atingindo o seu auge com a canção “Isto só vai à porrada !”, gravado já depois do 25 de Abril.
Tino Flores desertou da guerra colonial. Fez parte do GAC (Grupo de Acção Cultural – Vozes na Luta) um projecto liderado inicialmente por José Mário Branco que integrou igualmente muitos outros nomes importantes, dos quais se destacam José Afonso, Luís Pedro Faro, Fausto, Adriano Correia de Oliveira, João Lóio, os Gaiteiros Carlos Guerreiro, Rui Vaz e Pedro Casaes, Eduardo Paes Mamede, João Lisboa, Nuno Ribeiro da Silva e mesmo José Niza e Manuel Alegre. entre muitos outros.
Um espectáculo com o apoio da Direcção Regional de Cultura do Alentejo
