MOÇAMBIQUE: música, escultura e pintura, no Armazém8.
Malenga não sabe exactamente quando nasceu, mas é provável que tenha sido um par de anos após a independência de Moçambique. Sabe apenas que foi na aldeia de Mualela, no coração da região Makonde e que passou a infância no mato a trepar árvores e a caçar passarinhos – não há fotografias que o comprovem.
Com cerca de 8 anos é enviado para o rito de iniciação Makonde onde aprende, entre outras coisas, a enfrentar leões, a tornar-se invisível e a cantar em coro com os seus colegas.
Com cerca de 16 anos, já na cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, Malenga segue uma enraizada tradição familiar dedicando-se à escultura. Dois anos mais tarde muda-se para o Maputo onde trabalha com mestres de escultura makonde na Cooperativa de Arte Makonde, para posteriormente se integrar num grupo de artistas do Museu Nacional de Arte.
Em 2007 é distinguido com uma bolsa de estudos que o leva a frequentar um estágio no Ar.Co (Centro de Arte e Comunicação Visual), em Lisboa, e em 2008 na Faculdade de Belas Artes do Porto. Expõe colectivamente desde 1992 e individualmente desde 2005 tanto escultura como pintura, em Portugal e no estrangeiro, estando a sua obra está representada em coleções privadas em todo o mundo.
O seu percurso musical começou ainda no Maputo, onde o artista viveu a partir de 1992, quando ingressa na Escola Nacional de Música. Aí estuda piano durante 1 ano, e posteriormente guitarra clássica. Já em Portugal, Malenga continua os seus estudos de guitarra clássica na Escola de Música Guilhermina Suggia, e dedica-se também ao estudo do jazz na Escola de Jazz do Porto.
É em Portugal que começa a compor temas originais, inspirados nas suas vivências e no imaginário que rodeou a sua infância e juventude – são esses os temas que o levaram a fundar o Projeto Kundonde em 2012.
Nos vastos planaltos da província de Cabo Delgado, no coração da região Makonde, nasceu na década de 1980, pela mão de músicos populares como Nangundo, um novo género musical a que se chamou Ntípuka.
Com raízes ancestrais, o Ntípuka inspirou-se melodicamente nas mais antigas canções Makondes – desde os cantos que acompanham os contos tradicionais, até às canções dos ritos de iniciação – mesclando-as com os ritmos da Rumba Congolesa, tão em voga na altura.
Passados mais de 30 anos, foi neste Ntípuka inicial que Malenga se inspirou, substituindo a influência inicial da Rumba Africana por características rítmicas e percussivas associadas a danças tradicionais da região Makonde, como o célebre Mapiko, o Limbondo, o Shingenge, entre outras, apurando ainda mais as suas particularidades.
O resultado é a aparição de uma nova sonoridade à qual Malenga chama, com pleno direito, de Novo Ntípuka – um género que se apresenta simultaneamente étnico e eclético, estranho e familiar, rivalizando em beleza, interesse e complexidade com alguns dos mais conhecidos estilos musicais da África Lusófona, como o Semba, a Marrabenta, as Mornas, Coladeiras e outros.
Mas para além de ser o reflexo de um legado étnico ancestral, o Ntípuka de Malenga universalizou-se, utilizando instrumentos ocidentais como a guitarra, o baixo, a bateria e o trompete, assim como influências da World Music, com instrumentos que vão desde a kora ao udu.
Na Escultura:
“A obra de Malenga tem a profundidade mágica da ancestral memória dos seus antepassados” Carlos Barreira Professor Associado da Faculdade de Belas Artes do Porto
“é essa força que encontramos nos seu trabalho, espelhada na pujança da sua paleta feita de luminosos e francos contrastes” Emília Ferreira | Curadora World Legend Gallery


